POESIA COMO LIBERDADE: Benevides lança a 1ª Coletânea Poética Jovem 360º, com protagonismo de mais de 30 jovens autores
Secom
Em uma celebração à juventude, à memória e à potência da arte periférica, Benevides – conhecida historicamente como “A Terra da Liberdade” – foi palco do lançamento da 1ª Coletânea Poética JOVEM 360º. A publicação reúne obras de mais de 30 jovens escritores da cidade e possui organização do Prof. Dr. Igor Marques e pela Prof.ª Liz Silva, emergindo como um marco do protagonismo juvenil na literatura, tendo como temática central o “Protagonismo em narrativas poéticas no Berço da Liberdade”.
A coletânea não é apenas um livro: é um manifesto. Com textos que reverberam os sons das ruas, o perfume dos terreiros, os gritos contidos nas feiras e o sussurro dos igarapés, os jovens autores transformam a palavra em ato político e a poesia em território de (re)existência. Eles falam de si, mas também de seus ancestrais, de suas lutas e sonhos, tecendo com versos a memória coletiva de uma cidade onde as vozes antes silenciadas agora ecoam com força.
“Não se trata apenas de escrever poesia, mas de escrever história com as próprias mãos. Essa coletânea nasce de uma compreensão profunda de que o território não é um lugar estático. É um organismo vivo, que pulsa, que sente, que guarda e devolve. Os jovens de Benevides entenderam isso e agora o mundo vai ouvi-los”, afirma o diretor do Programa Municipal da Juventude, professor Igor Marques.
A ideia de território como construção histórica, cultural e simbólica perpassa toda a obra. Benevides, enquanto espaço de confluência entre o passado ancestral e o presente urbano, é retratada como um lugar onde a liberdade não é apenas um conceito, mas uma prática cotidiana. Os textos dialogam com as margens, com as dores, mas também com a esperança e a alegria de ser quem se é – negro, periférico, jovem e artista.
A professora Liz Silva destaca a importância da coletânea no cenário educacional e artístico local, demonstrando que “a coletânea é um espelho para que nossos jovens se reconheçam autores de suas próprias narrativas. Eles não apenas escrevem sobre Benevides; eles escrevem Benevides. Cada poema é uma declaração de pertencimento, cada metáfora é uma travessia entre o que fomos e o que queremos ser”, finaliza a coordenadora do Clube da Leitura de Benevides.
Entre os textos, encontram-se desde haicais até versos livres, passando por cordéis, slam poetry e experimentações com a linguagem oral e visual. Muitos dos autores vêm de comunidades periféricas, quilombolas e ribeirinhas, reforçando o compromisso do projeto com a diversidade de vozes e com a descentralização da produção cultural. É neste contexto que a coletânea se firma como ato de coragem coletiva, como instrumento de formação crítica e como farol poético para as novas gerações.
O lançamento, ocorrido em evento público com a presença de autores, familiares, professores e autoridades locais, foi marcado por leituras performáticas, apresentações artísticas e muita emoção. Muitos jovens participaram de uma roda de conversa sobre o processo de criação, reafirmando a poesia como ferramenta de emancipação social.
Para além da publicação, a Coletânea Poética JOVEM 360º sinaliza o início de um movimento. Um movimento que coloca a juventude de Benevides no centro da cena, que reconhece a potência transformadora da arte e que, sobretudo, afirma que quando o povo escreve, a liberdade se faz verso. Em Benevides, a poesia não é luxo. É necessidade, é arma, é abraço.
A coletânea está disponível para download gratuito através do link.
REPORTAGEM: Igor Marques